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Em tempos de isolamento social, é fundamental desenvolver resiliência
      
Os especialistas do Grupo Vidas destacam os impactos da quarentena e os cuidados necessários para preservar a saúde mental durante esse período
 
 
Desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou pandemia do novo coronavírus, responsável pela doença denominada Covid-19, a realidade dos brasileiros e ao redor do mundo mudou radicalmente. A comunidade científica é unânime ao afirmar que o isolamento social é a melhor maneira para conter a pandemia e diminuir o número de novos casos. Mas, quais os efeitos psicológicos do confinamento preventivo? De uma hora para outra, as pessoas tiveram que alterar suas rotinas, se afastar dos amigos e familiares e evitar hábitos como um aperto de mão, um abraço ou um cumprimento com beijo, além de redobrar os cuidados com a higiene, causando preocupação, medo, angústia e estresse – reações naturais diante das incertezas que permeiam esse momento.
 
O gerente de Qualidade e Segurança Assistencial do Grupo Vidas, Roberto Corrêa Leite, doutorando em Saúde Mental, reforça  que em meio à pandemia de coronavírus, o conceito de saúde mental – definido pela OMS como um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de usar suas próprias habilidades, recuperar-se do estresse, ser produtivo e contribuir com a sociedade, é impactado pelo isolamento social que descaracteriza e dá outro sentido a essa afirmação. “Estamos com um olhar diferente ao que se diz respeito ao ‘contato humano’. As recomendações principais são de manter uma distância mínima um do outro e a maior delas: ficar em casa, em um processo de separação e restrição de movimento ao mundo externo denominada quarentena, em consequência a uma doença contagiosa, reduzindo assim o risco de infecção comunitária. Contudo, alguns estudos apontam efeitos negativos em outras épocas de surtos e epidemias mundiais como sintomas de estresse pós-traumático, quadros depressivos, tristeza, abuso de substâncias, estado confusional e de irritabilidade, tudo isso por conta da falta de contato social e pelo receio do que está por vir. A absorção, apenas de dados de noticiários nada favoráveis e com índices elevados de morte mundial, gera fatores estressores constantes no tempo atual. Essa circunstância revela a vulnerabilidade e abala a convivência diária com momentos de dor e pânico, porque nos damos conta das nossas fragilidades e finitude, além de não termos referências de como conduzir a situação”, explica.

Segundo a psicóloga Juliana Castro, do Grupo Vidas, de uma forma geral, o dia a dia de confinamento é uma experiência desagradável, pois envolve a separação familiar, a perda de liberdade, dúvidas sobre a doença, tédio e talvez o pior de todos, o temor de contrair a infecção. “Em se tratando da Atenção Domiciliar, modalidade de assistência a qual praticamos, esses sentimentos e emoções são vivenciados e afloram no cotidiano de maneira mais acentuada pelas famílias e pacientes, uma vez que são acompanhados por uma preocupação adicional, representada pela doença que acomete o ente querido e o torna mais suscetível. Vale salientar que muitos pacientes e alguns de seus familiares já vivenciam o contexto de ‘confinamento’, não por conta da pandemia, mas por estarem restritos ao leito, e muitas vezes, a rotina de vida já foi alterada após um diagnóstico médico e suas consequências. Todavia, o que fez essas famílias chegarem até aqui é o mesmo que deve auxiliá-las a seguir adiante, ao que chamamos de resiliência”.

Roberto corrobora e acrescenta que “as famílias assistidas pelo serviço de home care tiveram nesse percurso que lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas representadas pelo estresse ou algum tipo de evento traumático. E fizeram isso, encontrando soluções estratégicas para enfrentar e superar os obstáculos, mantendo o controle psicológico, emocional e físico. Nesse aspecto, considera-se ainda, a capacidade de transformação e flexibilidade da família frente às crises, fazendo com que os seus membros lidem com o estresse diário por meio da coesão, conexão e solidariedade. Portanto, é essencial que neste momento, a família se fortaleça por meio da resiliência, a qual permite uma adequada adaptação de seus membros diante das adversidades, traumas, angústias e dor, permitindo ajuda e apoio mútuos”, frisa o gestor.

Os especialistas defendem que, a priori, devemos acreditar que a pandemia será passageira, porém enquanto ela durar, o importante é se empoderar dos recursos tecnológicos disponíveis, principalmente em favor da conexão com o próximo, tendo como objetivo mudar o foco do pensamento eminente de que nada dará certo. No entanto, pedem cautela. “É importante manter o controle sobre algum hábito negativo que prejudique ainda mais a saúde mental, pois ao mesmo tempo que esses dispositivos oferecem uma nova possibilidade de práticas e exercícios mentais, o consumo exagerado de informações não confiáveis pode aumentar a desinformação, ansiedade, o estresse e o medo”.

Na visão da psicóloga, esse recolhimento pode ser uma boa oportunidade de repensar nosso modo de vida, de se relacionar consigo e com o outro, com as nossas crenças, valores, e por fim, de reinventar formas de habitar a nossa casa, a cidade e o mundo que vivemos. “Diante do desligamento obrigatório do mundo externo e se voltando para o núcleo familiar, devemos nos perguntar e refletir sempre sobre o que temos aprendido com este confinamento”, propõe Juliana.
 
Para finalizar, Leite ressalta que os profissionais de saúde visitadores ou até mesmo os que desempenham tarefas administrativas do Grupo Vidas estão sempre dispostos e não medem esforços para o acolhimento dos pacientes, familiares e cuidadores por meio da escuta ativa, os conduzindo a um olhar diferenciado e descoberta de possibilidades frente à nova realidade que se anuncia. “Juntos (mesmo distantes), iremos superar essa fase”, pontuam os profissionais.
 
 
 
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